20 de mar. de 2011

Segurança pouca é bobagem!


If you do not speak Portuguese and you wonder what is written on the balloons, this is the English version:

18 de mar. de 2011

"Fuuuu..."

Letícia olhava a televisão e espumava pelo canto da boca. Seu estômago embrulhava, a vista embaçava e a sua amiga Ana bem que tentou esconder mudando de canal. Mas o diacho já estava em rede nacional e ela catou outra emissora com exatamente a mesma cena. Letícia pensou em ferver água para jogar pelo ouvido dele, tudo isso enquanto Ana escondia o faqueiro da própria amiga.
Seis horas antes, no bucólico bairro do Lanat, mais precisamente na Rua Clínio de Jesus; Davi estava acordando de um digestivo cochilo em plena tarde de terça-feira de carnaval. Casado por dez anos com Letícia, ele é um marido exemplar e carinhoso, que lhe trata dignamente, compra presentes no aniversário dela e paga sem ver a fatura do cartão de crédito.
Foi trabalhar em seu consultório dentário nesta tarde, não por necessidade, mas por que seu paciente Valdemar – um rico empresário do ramo de cocô de boi e adubo orgânico, que paga em verdinhas vivas, fétidas e gordas – tinha explodido seu molar voltando de viagem de avião da França. Às três e meia Davi recebeu a ligação e marcou uma consulta de urgência em seu consultório na Avenida Garibaldi, quase em frente à folia.
Letícia quando soube cerrou o cenho. Estava tudo programado para os dois curtirem a folia de momo no camarote mais badalado da oceânica, all inclusive, open bar e outras luxurious amenities de cortesia dada por alguns amigos. Mas quatro dígitos num procedimento de urgência era um argumento tão sólido quando o gosto de cimento que ela sentia naquele momento.
Davi só chegou ao prédio onde fica seu consultório uma hora depois do agendado, por causa do trânsito medonho causado pela aglomeração da festa. E também era difícil se desvencilhar dos flanelinhas que subiam no capô do carro, brigando pelo direito de extorquir um trocado na moleza.  Ele deu um sorriso de canto de boca, ao frustrá-los entrando no seu estacionamento privativo.
No elevador sabia que seu Valdemar estava na porta do consultório esperando do lado de fora; primeiro porque sua atendente estava bêbada desde domingo, emendando cerveja, uísque e capeta. Não atendia o celular. Depois também porque desde o terceiro andar, sentia aquele cheiro característico daquilo que o fez rico.
A urgência pulpótica deixou Davi bastante contente consigo mesmo. Seu processo foi limpo e rápido. Depois de algumas kerrs e outras Hoedstrons tudo transcorreu sem intercorrências dolorosas e o seu abastado cliente, feliz da vida, pagou como combinado, sem nem exigir recibo.
De tão feliz que Valdemar estava, convidou Davi para sair e tomar algumas cervejas, mas frente à contra-indicação etílica feita pelo dentista, pelo menos o convidou para uma rápida passeada na folia, a poucos km dali.
Davi hesitou, mas pensou “Porque não? Se for rapidinho não machuca ninguém” Certificou-se que não seria o mesmo camarote que estariam alguns amigos, e foi.
Mas aquela morena inominada, anônima e animada; de corpo escultural com rosto que era só sorriso, chamou a atenção do doutor Davi. E quando ela percebeu o que despertou naquele galante homem de 45 anos, avançou em sua direção. Os dois se beijaram...
Valdemar há tempos buscava um pouco de credibilidade e visibilidade na sociedade, precisava tirar a imagem de comerciante de cocô. Porém, assim como o cheiro, esta imagem não saia nem com muito banho e colônias que desencadeiam crises de rinite a quem fique ao seu lado.  Sua alcunha era o Rei da Merda (de boi). Acenou bastante para o totem onde se encontravam algumas câmeras de televisão, chamando atenção para o cinegrafista que cobria ao vivo os lances da festa.
Mas o que o cameraman viu foi o espetáculo de morena que estava trançada com um felizardo dentista quarentão. Deu um zoom com sua Sony betacan-HDCamSR 1000, aumentando vinte e quatro vezes os trinta e cinco metros que o separava daquele beijo, chamado atenção do editor de imagens da ilha de edição: A cara da Bahia, o espírito do carnaval!

E o Davi, muito feliz com sua conquista, explodia de emoção, abriu metade do seu olho esquerdo e teve a sensação que todas as atenções estavam voltadas para ele. As respirações estavam prendidas, e de repente viu aquele big brother indiscretamente reluzente, aonde veio apenas uma única coisa à sua mente:
“Fuuuu... “

8 de mar. de 2011

Mulher! Mulher!


Hoje vamos celebrar mais um 8 de março, dia internacional da mulher e antes de fazer a piadinha infame do restante do ano sendo do homem, torço para que chegue o tempo de que não precisaremos mais comemorar esta data. Mas não fiquem bravas ladies, quando isso ocorrer, será bom!

Tweet de Niara de Oliveira (@NiDeOliveira71) 08/03/2011 - Reproduzido sob permissão

A mulher por muito tempo viveu à sombra da vontade de algum homem em papéis secundários e submissos na sociedade, mas este discurso é muito velho e as conquistas femininas já são de longa data.
O que ocorre agora é que ela está deixando de buscar seu espaço na sociedade à custa de se tornar igual ao homem, masculinizadas. Sua identidade e seu valor estão mais em suas ações morais, suas qualidades de caráter e em seus feitos profissionais do que trocar pneus, pagar a conta do restaurante ou lutar boxe.
Algumas revistas ainda mostram mulheres dirigindo caminhões, pilotando jatos de carreira e manejando escavadeiras de centenas de toneladas como se fosse algo sobrenatural de outro mundo. Não vejo diferença em comemorar o feito daquele filho que começou a andar de bicicleta sem rodinhas. Ranço de nossa sociedade qüingentesinária.
Entretanto ela ainda tem que trabalhar dobrado por causa da desconfiança das pessoas (entendam homens) e seu saber triplicado, por causa do mesmo defeito preconceituoso. Precisa de Leis que a amparem da violência física, psicológica e moral. Possui remuneração desigual a do homem; e se ela for negra, a sina se torna ainda pior.
O desafio da mulher moderna será o rompimento de paradigmas e estereótipos que determinam limites para suas possibilidades: Ou ela é feminina ou é feminista; ou trabalha pesado ou explora sua beleza; ou é morena ou é burra. O rótulo frio e amargo, que busca emprateleirá-la como um produto de supermercado, é conveniente a quem vive o establishiment, temerário de que ocorra mudanças.
A nova mulher, mais feminina faz de tudo, até troca um pneu. Mas seu charme torna isso desnecessário. Ela sabe que o valor de seu ser é o amor, o companheirismo, a inteligência, o espírito embativo, a sensibilidade, a criatividade… E tudo isso provoca inveja porque quando somos comparamos às mulheres, lembro-me de um trecho da música do Erasmo Carlos:

Mulher! Mulher!
Na escola em que você foi ensinada,
Jamais tirei um 10
Sou forte
Mas não chego
Aos seus pés.
Parabéns a todas vocês mulheres que estão transformando o mundo com armas intangíveis



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